Capítulo 1
Capítulo 1
Flavia Lopes encarava o relógio na parede, que marcava meia–noite, enquanto a comida na mesa esfriava novamente.
Ela levou as refeições de volta para a cozinha e as aqueceu mais uma vez.
As 00h50, a porta do quarto se abriu, e ela virou a cabeça para ver Thales Duarte entrando.
Ele carregava seu paletó no braço e seu rosto bonito mostrava sinais de embriaguez quando caminhou em direção a Flavia.
Ela se levantou e serviu–lhe uma sopa para curar a ressaca, mas ele a derrubou assim que ela lhe entregou.
Em seguida, ele segurou seu queixo e a beijou.
O cheiro de álcool invadiu o ambiente, misturado com o perfume feminino, e Flavia tentou empurrá–lo sem sucesso. Ao contrário, ele a levantou e a carregou diretamente para o quarto.
Ele a jogou rudemente na cama e se debruçou sobre ela, sem dizer uma palavra.
Flavia mordeu o lábio, suportando silenciosamente, enquanto desviava o olhar para uma planta verde no canto da parede.
Não havia amor, apenas desejo.
Ele virou o rosto dela para si, seus olhos profundos fixos nela enquanto acariciava seu rosto com o dedo, “Por que você não fala?”
Flavia o encarava diretamente, seus olhos brilhando com lágrimas, ele sabia que ela não podia falar.
Ela era muda.
Mas ele sempre perguntava, incansavelmente. NôvelDrama.Org: owner of this content.
As vezes, Flavia não conseguia distinguir se ele estava tentando humilhá–la ou se lamentava.
Ela segurou a mão em seu rosto, inclinou a cabeça, e esfregou seu rosto na palma da mão dele, como um gato buscando agradar seu dono.
Era a única maneira dela corresponder a ele nesses momentos.
Os olhos escuros do homem escureceram ainda mais, como se uma tempestade estivesse prestes a irromper. Ele segurou a mão dela e a levantou acima de sua cabeça, inclinando–se para beijá–la.
Quando Flavia abriu os olhos, já era dia lá fora. A cama estava vazia, mas ela ouviu o som de água vindo do banheiro.
Ela recolheu suas roupas do chão e começou a se vestir, e foi nesse momento que o celular no criado–mudo tocou. Era de Thales.
Flavia olhou para a silhueta borrada através da porta do banheiro e depois para a tela do celular.
Rosana Coelho: Você voltou?
Rosana: Você sempre faz isso, precisa mesmo ir atrás daquela muda para me irritar?
Os cílios de Flavia tremeram.
A porta do banheiro se abriu, e Thales saiu enrolado em uma toalha.
Ele ainda estava molhado, com gotas de água pingando de seus cabelos e escorrendo pelo seu peito, seguindo o contorno de seus músculos abdominais.
Flavia desviou o olhar, abaixando a cabeça para abotoar sua camisa.
Thales se aproximou da cama e pegou seu celular, lançando um olhar para Flavia, que continuava vestindo–se.
“Você viu?”
.Flavia esboçou um leve sorriso e balançou a cabeça negativamente.
No dia do casamento, ele lhe disse: “Você precisa ser sempre obediente, não me ame. Nós continuaremos como antes, e eu cuidarei de você pelo resto da vida”
Ele disse para ela não amá–lo.
P
Então, o que importava se ela visse?
Ele não se importaria se ela ficasse com ciúmes, triste ou magoada.
Quem não era valorizado, não tinha o direito de se enfurecer.
Seu amor e suas emoções só seriam um fardo para ele.
Ela temia que ele também pisasse em seu coração.
Flavia temia que ele… não a quisesse mais.
Ela gesticulou em Lingua Gestual: “Vou preparar o café da manhã.”
Arrastando seu corpo dolorido, Flavia levantou–se e foi para a cozinha.
Thales observou a silhueta frágil dela se afastar, e então olhou novamente para o celular, deletando as mensagens de Rosana.
Flavia preparou o café da manhã e colocou na mesa, servindo uma tigela de mingau para Thales em seu lugar.
Algum tempo depois, Thales, já vestido, juntou–se a ela na mesa.
Estava em silêncio no quarto. Thales costumava dizer que conversar com ela era como falar consigo mesmo.
Como tempo, Thales quase não falava mais com ela, e só o som de suas colheres batendo nas tigelas preenchia o ambiente.
“Depois venha comigo até a Casa de Duarte,” Thales disse de repente.
Flavia parou por um momento, colocando a colher de volta na borda da tigela.
Flavia Certo.
Thales lançou–lhe um olhar rápido. O rosto dela sempre exibia aquela expressão dócil e inalterável.
Ela nunca reclamava, nunca se exaltava, sempre sorria para todos, não importava o quão grande fosse a injustiça.
De repente, Thales sentiu o mingau em sua tigela perder todo o sabor.
Ele jogou a colher de volta na tigela, produzindo um som nitido de colisão. O som não era alto, mas era bastante proeminente no silêncio do restaurante.